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As oito pétalas do caminho do yoga

  • Foto do escritor: Elaine Moreli
    Elaine Moreli
  • 8 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de jul. de 2020

Quando a árvore é saudável e o suprimento de energia fantástico, as flores nascem.

Antes de plantar, primeiro cava-se a terra, retirando-se pedras e ervas daninhas e afofando-a. A seguir, cobre-se a semente com terra macia, tomando muito cuidado para que ela, ao começar a germinar, não se estrague sob o peso da terra. Depois, alimenta-se a semente com água para que germine e cresça. Após um ou dois dias, a semente se abre e transforma-se em broto, do qual surge um caule. O caule então se divide em galhos e dá origem a folhas. Rapidamente, torna-se um tronco com galhos que se estendem em várias direções, carregados com suas muitas folhas.

Da mesma maneira, a árvore do Ser precisa ser cuidada.

Os antigos sábios, ao vislumbrarem a alma, descobriram a semente dessa vivência no ioga. Essa semente tem oito segmentos, os quais, à medida que a árvore cresce, dão origem aos oito membros do ioga.

A raiz da árvore do ioga é yama, que abrange cinco princípios: ahimsa (não violência), satya (veracidade), asteya (abstenção da avareza), bramacharya (controle do prazer sensorial) e aparigraha (livrar-se da ambição e do desejo de possuir mais do que o necessário). O cumprimento dos ditames de yama disciplina os cinco órgãos da ação, que são os braços, as pernas, a boca, os órgãos reprodutores e os órgãos excretores. Naturalmente os órgãos da ação controlam os órgãs da percepção e a mente – alguém pensa em fazer algum mal, mas os órgãos da ação se recusam. Resultado: o mal não será praticado. Os iogues, assim, começam com o controle dos órgãos da ação: yama é, por esse motivo, a raiz da árvore do ioga.

O tronco é comparável aos princípios do niyama, que são: saucha (higiene - limpeza), santosa (contentamento), tapas (auto - disciplina), svadhyaya (auto-exame auto-estudo) e ishvara-pranidhana (auto-rendição entrega ao Supremo). Esses cinco princípios de niyama controlam os órgãos da percepção: os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele.

Do tronco da árvore saem diversos galhos. Um é muito comprido, o outro cresce lateralmente, um parece estar em ziguezague, outro nasce reto, e assim por diante. Esses galhos são os ásanas, as várias posturas que levam as funções físicas e fisiológicas do corpo a entrar em harmonia com o padrão psicológico da disciplina iogue.

Dos galhos brotam as folhas cuja interação com o ar fornece energia para toda a árvore. As folhas absorvem o ar, colocando-o em contato com as partes internas da árvore. Elas correspondem ao pranayama, a ciência da respiração, que conecta o macrocosmo ao microcosmo e vice-versa. Observe como, em posição invertida, nossos pulmões têm a imagem de uma árvore. Por meio dos pranayamas, os sistemas respiratório e circulatório são levados a uma condição harmoniosa.

O domínio dos ásanas e pranayamas ajuda o praticante a liberar a mente do corpo, o que leva automaticamente à concentração e à meditação.

Os galhos são todos cobertos pela casca. Sem a proteção da casca a árvore seria devorada pelos vermes. Essa camada de revestimento protege a energia que flui dentro da árvore, entre as folha e a raiz. Dessa maneira, a casca corresponde a pratyahara, que é a viagem interna dos sentidos, os quais se desligam da pele e se voltam para o âmago do ser.

A seiva da árvore, o suco que contém a energia dessa viagem para a interioridade do Ser, é dharana. Dharana é concentração, é focalizar a atenção no cerne do Ser.

O fluido ou seiva da árvore coliga a última pontinha da última folha à última pontinha da última raiz. A vivência dessa unidade do Ser, da periferia ao centro, unidade em que observador e observado são um, é obtida com a meditação. Quando a árvore é saudável e o suprimento de energia fantástico, as flores nascem. Nesse sentido, dhyana, a meditação, é a flor da árvore do ioga.

Por fim, quando a flor se transforma em fruto, tem-se o samadhi. A essência da árvore está no fruto, e a essência da prática do ioga está na liberdade, na elegância natural, na paz e na beatitude do samadhi, em que o corpo, mente e alma se unem e se fundem com o Espírito Universal.


Fonte: “A árvore do ioga" – B.K.S. Iyengar.

Imagem do Guruji B.K.S. Iyengar extraída do site yogui.co.

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