top of page

Quarentena

Foto do escritor: Elaine MoreliElaine Moreli

O que nós, humanos, estamos alimentando neste momento dentro de nós?



Dos infinitos estímulos, vejo CORONAVÍRUS dando força e impulso aos instintos humanos.

Estou refletindo aqui a cada dia, e observando o movimento interno que acontece constantemente.

Tenho dito a algumas pessoas que é “tsunami”, e se uma pedra jogada no rio causa oscilação na superfície de suas águas, o que será de um “grave problema” seguido de um “tsunami de informações constantes e ininterruptas” para a mente humana.


... cada um irá agir e reagir conforme a sua “nutrição” interna.


Quem cultiva boas intenções, bons hábitos, amor e compaixão, bons sentimentos e boas vibrações, suas ferramentas de autoconhecimento, ampliarão seus movimentos internos e uma possível visão mais clara para com o próximo; ainda que na dificuldade.

Porém, o fluxo oposto que alguns seres cultivam constantemente não está neste nível de realidade, ou de busca, há ódio, maldade, raiva, pequeno EGO GRANDE, distorção de sentimentos e uma guerra emocional, toma lá – dá - cá, vejo e acredito ser também o aprisionamento aos ciclos de samskaras.

Todos nós acessamos os dois lados, eu tenho o hábito de chamar de LUZ e SOMBRA.

Enfim, o que nós, humanos, estamos alimentando neste momento dentro de nós?


Compreendam, pautados nestes trechos de Guruji - B.K.S Iyengar:


“Segundo yoga três elementos constituem nossa consciência(citta); a mente (manas), o ego ou eu com “e” minúsculo (ahamkara) e a inteligência(budhi). Sendo a mente a camada mais externa da consciência, ela é por natureza, oscilante, instável, e incapaz de gerar escolhas produtivas. Não sabe distinguir entre o bem e o mal, certo e errado, correto e incorreto. Isso é atribuição da inteligência, que forma sua camada mais interna. O ego ou ahamkara é a camada mais intima da consciência, ahamkara significa “ aquilo que forma o eu individual”. E o eu individual se manifesta como nossa personalidade e assume IDENTIDADE do Eu verdadeiro. É a parte de nós que anseia por tudo que atrai. Quando alguma dessas camadas da consciência esta em ação, ela se expande, fazendo as outras se retraírem.”

Ou seja, qual parte dessa consciência esta mais latente, em expansão, neste momento?


“A mente, na concepção da ioga abrange todo corpo, desde o cérebro e o sistema nervoso originado na medula espinal, que se conecta aos órgãos dos sentidos (visão, olfato, tato, audição e paladar), do qual obtém a maior parte de suas informações, até os cinco órgãos da ação (mãos, pés, língua, órgãos genitais e excretores), que ela controla e por meio das quais age. Por isso se diz que a mente é o décimo primeiro órgão dos sentidos. A mente tanto é perceptiva como ativa. Ela computa, armazena e filtra informações, tal qual CPU de um computador. Lida com o mundo externo e se ocupa dos assuntos cotidianos. Por meio da mente experimentamos, percebemos e interpretamos o mundo e nos relacionamos com ele. Os sentido percebem, a mente concebe. Dependendo de sua condição de saúde e vitalidade, desfrutamos mais ou menos o presente da vida. A mente seja ela brilhante ou ignorante, está equipada com uma ferramenta de SOBREVIVÊNCIA simples e instintiva: “REPITA O PRAZER E EVITE A DOR”. Para o ser humano, o intervalo entre ação e consequência, ou causa e efeito, tem se tornado cada vez maior. É extremamente difícil mudar nossos padrões de comportamento, por mais destrutivos que eles sejam, e isso por causa da natureza do funcionamento conjunto da mente, dos sentidos, dos órgãos da ação e do ambiente externo. Cada um de nós enfrenta, na vida pessoal, o desafio de decidir entre dois tipos de ação: o primeiro é fazer algo “agradável” agora e, em algum momento indefinido no futuro, deparar com o “desagradável” e dependendo da frequência com o que fizermos, o “desagradável” virá acrescido de juros. O segundo é: fazer agora o que seria mais fácil não fazer e colher os benefícios mais tarde.


Quanto maior a distância entre ação/inação inicial e seus efeitos secundários, mais tentados somos a fugir de nossas obrigações, a mentir para nós mesmos, a rejeitar o desafio de romper barreiras e a tomar o caminho mais fácil. Por isso a honestidade é fundamental; sem ela não é possível nos conhecer – negaremos o que é bom e nunca aprenderemos a PARAR.”


Visto que essa é a composição da consciência , nós estamos nos alimentando constantemente com o que vemos, e ouvimos.

Sendo assim, consideramos que estamos fortalecendo a camada mais externa- mente.

Onde os padrões se repetem. E tudo aquilo que vejo e ouço estando na camada mais externa, fortalece esse padrão.

Adentrar a inteligência é nosso dever. Viveka – discernir - filtrar informações no ver e ouvir é SANIDADE. Se conectar com o verdadeiro Eu pode ser a grande chance.

Estamos passando por uma linha muito fina, entre luz e sombra, positividade e negatividade, discernimento e confusão, acordados e despertos.

Queremos que tudo volte a ser como antes, mas creio que devemos compreender que isso irá passar – retornaremos as atividades, ao fluxo de rotinas. Mas que não tenhamos a ilusão que tudo voltará a ser como antes.

Se o olhar ao nosso redor continuar o mesmo, se os hábitos nocivos continuarem os mesmos, se a nutrição – continuar a mesma, e as ações permanecerem as mesmas, considere que nada foi aprendido.

Nada deverá ser como antes, absolutamente NADA deverá SER igual, ou os sinais não foram interpretados, e o ciclo de samskara retornará com outra “roupa” e de outra forma.



Daquilo que você se “alimenta”, também nutre suas ações e reações.


É tempo para ressignificar, mudar. ENXERGAR além de VER. Tempo de renascer.

Estamos apesar do CAOS com a possibilidade de TRANSFORMAR-NOS, rever os nossos valores, as nossas atitudes, a nossa visão de mundo, a forma como nos relacionamos uns com os outros, com a natureza, com os animais, com o nosso planeta, com a Terra, como contribuímos ou agimos em relação a política, a economia, como lidamos com os nossos relacionamentos, os nossos apegos, nosso ego, nosso TER e nosso SER. Estamos com a possibilidade de assentarmos em nós mesmo e rever o filme de nossas vidas, analisando o nosso comportamento, para acionarmos a chave da mudança, de sermos, no mínimo, SERES HUMANOS MELHORES.

NADA DEVERÁ SER COMO ANTES,

OU TUDO QUE ESTAMOS VIVENDO, será em vão.

Avidya, ignorância – é a primeira fonte do sofrimento humano e a causa de todas as outras. Que, neste momento, esse véu que nos cobre por uma mera ilusão -“MAYA” seja desvendado, e que cada ser humano encontre dentro de si uma versão no mínimo mais Humana.


Lokah Samastah Sukhino Bhavanthu


"Que todos os Seres sejam livres e felizes, que todos os nossos pensamentos, palavras e ações contribuam de alguma forma para a felicidade e liberdade de todos."



Texto: Elaine Moreli

Citações: B.K.S Iyengar. Obra: Luz na Vida (Light on Life)


Comments


RECEBA EM SEU EMAIL

as publicações do blog

  • ELAINE MORELI
  • ELAINE MORELI

© 2018 by ELAINE MORELI. Todos os direitos reservados.

bottom of page